terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Será que é só culpa da chuva mesmo?

Olhando as fantásticas fotos do Edu Guimarães postadas no Flickr, que registraram o caos na Estação Brás da CPTM no dia 03/02/2010, refleti e andei ponderando o seguinte:


Se a estação Sé do Metropolitano de São Paulo sofresse de algo parecido, a cobertura da mídia e dos expoentes políticos atuais seria, com certeza, muito mais incisiva e direta, com duras críticas ao suposto acontecido. Comparando o porte das estações e as conexões aos sistemas de transportes que as mesmas proporcionam, não consigo entender como isso não acontece quando uma estação da CPTM passa por isso.


A estação Brás da CPTM foi reconstruída nos últimos anos, ampliada e completamente integrada ao Metrô. Nem todo esse trabalho de engenharia, e nem mesmo o próprio Centro de Controle Operacional da CPTM estar instalado na estação, impediram que a mesma ficasse exposta aos fatores climáticos da cidade.
Muitos alegam que, com as intensas chuvas que castigaram a Grande São Paulo no início do ano, nada poderia ser feito para impedir o caos.


Infelizmente, acredito que essa seja a mentalidade imposta a nós de conformismo, existente desde o tempo do Brasil Colônia, aquela na qual nos, peões e pobres mortais, temos que aceitar passivamente tudo o que acontece. Agora, vamos fazer um paralelo com as intensas nevascas que impediram o Eurostar, o trem que faz a travessia entre a Inglaterra e a França, de funcionar adequadamente.


Nesta reportagem da BBC, vemos claramente a crítica à Eurostar por não saber lidar adequadamente com os problemas causados pela neve. Para ser mais direto, traduzo e reproduzo aqui um trecho crucial do texto:

"O relatório diz que o serviço de trens "não passou por preparação suficiente para suportar o clima" para lidar com condições "extremamente severas" de tempo e temperatura."

Sendo assim, não consigo entender como uma empresa do porte da CPTM, sabendo que opera em uma cidade de clima tropical, e ainda, quanto teve a chance de resolver o problema em uma de suas estações, não fez nada. Observem a construção do pátio Tamanduateí do Metrô. A região aonde ele foi construída é extremamente suscetível à enchentes, ao lado do rio, e o mesmo foi ELEVADO cerca de 4 METROS do nível original do terreno. Com certeza, quando os pobres coitados usuários da CPTM estiverem ilhados em seus trens e estações, a linha verde do Metrô continuará a operar normalmente.


Enquanto não existir planejamento, muito menos ações efetivas que garantam o funcionamento do transporte e do sistema como um todo, resta esperar que algum dia nossos líderes e representantes passem a enxergar o transporte de subúrbio assim como favorecem o transporte individual e obras viárias grandiosas. Vejo que, com a situação atual, sofreremos por muito tempo, e da pior maneira possível, quando as torneirinhas das nuvens forem abertas novamente.

7 comentários:

  1. No geral, me parece que a CPTM serve muito mais moradores das cidades vizinhas do que da capital. Talvez isso explique um pouco o motivo pelo qual os problemas dos trens da CPTM não ganham o mesmo destaque do que o Metrô. A grande midia claramente faz essa distinção.

    No mais, fico feliz por ter colaborado com as fotos.

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  2. Você trata do problema como se fosse algo pontual, como se apenas a Estação Brás sofresse as inundações.

    A estação foi reconstruída, mas não é nesse tipo de intervenção que se deve toamr medidas contra inundações nas vias, o problema atinge toda a extensão da Linha 10!

    Usando o mesmo exemplo das obras recentes de Tamanduateí: o pátio foi sim, construído bem acima do nível original do terreno, mas sabia que a nova Tamanduateí da CPTM também? Pois é, observe que dentro das obras as vias não alagaram, ao contrário das vias dentro da estação antiga. A via por onde os trens sentido Luz atualmente passam, não diga que você não percebeu que ela é mais alta que as demais, que serão levantadas até o fim das obras.

    E não é só em TMD que intervenções estão sendo feitas, o plano de revitalização da faixa ferroviária já está sendo posto em prática (acredito que você não procurou saber o que os topógrafos fazem em Mauá), todo o leito da estrada de ferro será levantado, e isso já começou a ser feito, a faixa já está sendo limpa no trecho RGS-Santo André para que as intervenções comecem.

    Agora, isso é uma medida paliativa. Não se resolve o problema assim. E a solução para isso todos sabemos de cor: desocupar as margens dos rios, permeabilizar a área urbana, etc. Mas isso é com as prefeituras/governo do estado.

    A CPTM está fazendo sua parte, acredite. E você, pare com o pseudo-datenismo. A "mentalidade de brasileiro" é exatamente essa, de sentar e reclamar.

    Tenho certeza que no próximo inverno, quando teremos interdições na via para obras contra as inundações (afinal isso deve ser feito quando não está chovendo), muita gente (incluindo você) vai estar enchendo o saco reclamando que por conta das interdições os intervalos estão grandes, que os trens estão lotados e que a CPTM é isso e aquilo, que falta planejamento... aposto que vai ter até gente berrando "Fora Kassab", como já ouvi de usuários da Linha 12.

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  3. Eduardo, passaram-se 20 anos para alguém pensar em fazer algo. O que achei mais interessante é que você não falou sobre a estação Brás. O que a CPTM pretende fazer com ela? Demoli-la? Aumentar o nível dela? Quantos milhões de reais serão gastos a mais para fazer isso, sendo que ela foi reformada recentemente?
    Deus e o mundo conhece os problemas que a Linha 10 da CPTM enfrenta por causa da chuva, e eu ficaria quieto SE a CPTM tivesse se planejado sem ter que apelar para o marketing do Expansão São Paulo.
    E você, pare com a sua via autoritária. Você não é o dono da CPTM, nem dos trens, muito menos de minha opinião.

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  4. A CPTM existe há 18 anos. Quantos anos você acredita que sejam necessários para reverter três décadas de abandono?

    Somente hoje os resultados começam a ser visíveis, e é claro que o GESP fez questão de usar isso a seu favor (não, quem faz a propaganda não é a CPTM, é o governo do estado, se aproveitando - e exagerando - de melhoras visíveis).

    Os gastos que existirão em Brás para levantamento da via e da platafoma serão pífios, perto do que a companhia recebe e investe diariamente. Algo um pouco mais caro do que remobilizar um trem vandalizado. Mas como já falei, para isso é preciso planejamento e intervenções no âmbito de toda a linha, portanto, não é algo a ser feito de um dia para o outro.

    Quanto ao fato de ela já ter sido reformada... é, a gestão Alckmin tinha prioridades diferentes, bem vindo à política.

    Dono de sua opinião não sou, mas ficaria feliz se você ao menos pensasse duas vezes antes de repetir o senso comum sem conhecer o outro lado, isso gera falácias sem tamanho.

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  5. Eduardo,

    O que você chama de "senso comum sem conhecer o outro lado" não procede. Hoje, a prioridade é a propaganda e as ações do Expansão São Paulo. Quem garante que será a mesma prioridade do próximo governo? Infelizmente, você acha que a política daqui é a da Holanda. Você vive no Brasil (aparentemente...) e, como muitos, deveria saber que quem manda hoje, não mandará nada no próximo ano.

    Se você acha que 10, 20 ou 50 milhões de reais para uma reforma é um gasto pífio, me desculpe, pois seu poder aquisitivo deve ser milhares de vezes maior que o meu, e recolher os impostos e vê-los sendo jogados na lata de lixo não deve te afetar.

    Novamente, se o problema fosse a Linha 10, eu estaria feliz. Veja a Linha 9; tivemos lá recentemente investimentos de milhões e milhões (que você, como "especialista" deve saber melhor do que eu). Todo esse investimento não impede que a mesma continue sendo afetada como TODAS as linhas da CPTM são pelo clima.

    Pelo menos uma coisa você concordou comigo, quando falou que "é preciso planejamento e intervenções no âmbito de toda a linha". Me nego veementemente a acreditar na eficácia, se é que existe, do planejamento atual de intervenções.

    Desculpe-me, se você acha que a minha mentalidade é de "sentar e reclamar". Diria que minha mentalidade é de ir de pé, dentro de um VAGÃO com 9 pessoas por metro quadrado (número estimado pela própria CPTM, vá conferir, já que sabe tanto o que acontece na empresa...) reclamando, todos a mesma coisa.

    Se estivéssemos na França ou na Inglaterra, o presidente da CPTM e o secretário de transportes já teriam entregue seus cargos, por respeito à população, e o governante principal estaria nesse momento sendo duramente criticado e questionado quanto à sua conduta. Mas aqui é o Brasil, você mesmo lembrou, não é?

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  6. Já vejo que falo com alguém irredutível, uma pena, não levarei isso adiante porque não o levarei a lugar algum.

    Apenas saiba que eu também sou usuário diário da mesma Linha 10 (e da Linha 7 em horário de pico), e antes de pesquisar mais a fundo e realmente conhecer quem está por trás de tudo, desde o presidente da cia. até os funcionários das oficinas onde participei de visitas técnicas, também achava que os problemas eram decorrentes de pura incompetência por parte da companhia. Acredite, não é assim; tanto o Metrô quanto a CPTM (cujo presidente já foi funcionário do Metrô) são exemplos de competência entre as companhias estatais do país, a diferença é que a CPTM tem três vezes o tamanho do Metrô e muitos desafios a serem vencidos.

    Pra deixar claro, não sou funcionário e não tenho nenhum vínculo com qualquer das empresas, com diretores ou presidentes das mesmas, muito menos com partidos políticos ou governantes.

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  7. Engraçado que ninguem reclama quando o sistema aéreo para por causa do mal tempo... Tudo para quando são paulo fica debaixo d'água, onibus para, trem para, avião para, carro para, bicicleta para TUDO para!

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